HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL



Bruna, Juanita, Melissa

Ao estudar sobre a trajetória da Educação Infantil percebe-se que deste os tempos remotos a sociedade já estava dividida em classes, onde a minoria apresentava boas condições de vida e acesso à educação, e a grande maioria vivia em situações precárias, sem instruções e qualidade de vida. Como destaca Hobsbawm (in Lossnitz, 2006, p. 01):

A partir dos anos de 1780, o mundo estava organizado em regiões ricas e pobres, com sociedades bem mais avançadas economicamente e socialmente, e por outro lado convivendo com sociedades que viviam em extremo isolamento, impedidas de alcançar o mesmo grau de desenvolvimento das grandes potencias da época. Essa dicotomia acompanhava as sociedades avanças e “[...] atrasava, unidades com organização política e força militar mais forte e mais fraca” (HOBSBAWM, in LOSSNITZ, 2006, p.01).

Diante desse contexto percebe-se que entre ricos e pobres existe uma distancia imensurável, o fator que determinava isso era o econômico, visto que tem tinha melhor poder aquisitivo conseguia melhores chances, por exemplo, os filhos dos fazendeiros tinham condições de estudar e se tornar médico, advogado, engenheiro; enquanto que os filhos dos operários iam seguindo a profissão dos pais.
De acordo com Hobsbawm (in Lossnitz, 2006, p. 01) a partir de 1830, a literatura e as artes começaram a ser abertamente “[...] obcecadas pela ascensão da sociedade capitalista, por um mundo no qual todos os laços sociais se desintegravam, exceto os laços entre ouro e papel moeda”. Momento em que a burguesia busca seu desenvolvimento por meio de uma nova organização na sociedade, com utilização das novas tecnologias que surgiam com a Revolução Industrial.
Assim, o século XVIII foi o marco da estruturação do conceito de infância, visto que as famílias se descentralizaram tornando-se nuclear, e como conseqüência percebe-se o tipo de educação que as crianças deveriam receber.
A partir disso as transformações econômicas foram inevitáveis e as muitas mudanças ocorreram com o aparecimento de grandes indústrias. Com isso houve a valorização da escola, pois as crianças necessitavam de um lugar com o mínimo de conforto para que pudessem aprender. Além disso, as mulheres que iniciam sua participação no trabalho necessitavam de um local para deixar seus filhos.
As instituições de Educação Infantil para crianças entre 0 e 6 anos de idade começam no final do século XVIII, criadas para atender as crianças pobres de mães trabalhadoras, desde o início era apresentado primordialmente educacionais.
A escola de tricotar criada por Oberlin em 1769, reconhecida como a primeira escola de principiantes. E o objetivo da escola, a criança deveria perder os maus hábitos e adquirir os hábitos de obediência, sinceridade, bondade, disciplina, conhecer as letras minúscula, pronunciar bem as palavras, conhecer a denominação correta das coisas e adquirir as primeiras noções de moral e religião.
Oberlin teve essa iniciativa e inspirou o industriário Robert Owen, que criou uma escola em 1816 para os operários de sua indústria, seus filhos e a comunidade de New Lanark na Escócia, com uma classe infantil com crianças dos dois aos 6 anos de idade.
Neste contexto muitos educadores se interessam pelo ensino das crianças, pode-se citar a figura importantíssima de Rousseau que mostra outra forma de infância, onde esta a principal fase de educação, desde o vestir ate o tratamento da criança.
“[...] Não é inculcar idéias, mas em fornecer à criança as oportunidades para o funcionamento daquelas atividades que são naturais em cada fase.” (idem, 1970, p. 292) verificar citação
Pestalozzi também se destaca pois entre outros clássicos que defende a tese, que a educação era a única forma de reformar a sociedade e desenvolver o estado físico, mental e ate mesmo o moral.
Já Froebel destaca-se no XIX sob influencia do pensamento e da filosofia da sua época. Em junho de 1840, Froebel funda o primeiro jardim das infância (Kindergarten), constituindo um centro de jogos, organizado segundo seus princípios e destinado a crianças menores de 6 anos seria um ambiente onde as crianças e adolescentes, estariam livres para aprender sobre si mesmo e sobre o mundo.
Segundo Kuhlmann J(1998) as atividades gerais da rotina eram:
Entrada: Saudação, revisão conta;
Conversação ou linguagem;
Atividade física; marcha, marcha contada ou ginástica;
Repouso;
Atividade dirigida: os dons;
Refeição na classe;
Recreio ou recreio no jardim;
Trabalhos manuais: entre lançamentos, dobradura, moldagem, mosaico, tecelagem, ervilhas, discos alinhavo e picado;
Atividades dirigidas: cores, formação de palavras, calculo com cubos;
Música: cantos de entrada, geral, música;
Brinquedo e jogos organizados.
Desenhos;
Pensamentos, méritos e cantos de despedida;
Saída;
A metodologia utilizado por Froebel influenciou a Educação Infantil no Brasil, com os trabalhos de Emília Ericksen, que em 1862 funda o Primeiro Jardim de Infância no país, no município de Castro PR.
Segundo Lossnitz (2006, p.76) “Emília trouxe para o ensino de castro uma nova visão de mundo e uma nova visão sobre a formação pessoal. Visão essa muito diferente das que possuíam as educadoras que atuaram na província do Paraná.” Esta nova visão de Emília levou ao aumento de alunos.
A partir disso muito pouco foi feito em relação a Educação Infantil, que se desenvolveu de forma muito lenta, somente a partir de 1970 é que começam a surgir um maior número de instituições infantis, devido a expansão da indústria, a mulher participava do trabalho nas fábricas, onde as crianças eram cuidadas por pessoas contratadas.
Dessa forma, inicia-se as concepções de Educação Infantil, que inicialmente se preocupava com o assistencialismo sendo destinado as classes populares como estratégia para combater a pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças, os profissionais não eram preparados e o atendimento era entendido como um favor.
Posteriormente percebe-se que somente este cuidar não era suficiente e atentando aos estudos, principalmente de Froebel, começa-se a enfatizar a evolução da criança, ou seja no seu desenvolvimento natural e valorizava o interesse, o estimulo com atividades que envolviam o brinquedo, onde a criança aprende fazendo por meio de experiência, e a brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento natural da criança, onde dá alegria, contentamento, liberdade para se expressar.
Além disso, as instituições continuavam a “reparar um dano”, solucionado as deficiências das crianças consideradas culturalmente inferiores para ser compensatória, e que as creches se preocupem com o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. E a função primordial é a preparatória, ou seja, preparar as crianças para ingressar no ensino fundamental e não fracassar na alfabetização, desenvolver as habilidades motoras linguística e cognitivas, explorar o que tem acumulado da aprendizagem e partindo do que é fácil para o difícil.
No final da década de 70 início dos anos 80, a creche passa a ser vista como instituição social e politicamente necessária, com o objetivo da educação é o desenvolvimento global e harmônico da criança, porque esses dois aspectos devem desenvolver equilibradamente e serem paralelos sem exagerar e nem limitar, buscando o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes.
A Lei 9.394/96, estabelece pela primeira vez a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, destacando os aspectos da concepção pedagógica que compreende que a creche e a pré-escola tem uma função pedagógica enfatizando duas dimensões: a de cuidar (cuidados básicos) e educar (trabalhar os conhecimentos de forma dinâmica para começar preparar a criança nos aspectos psicomotores para ser alfabetizado), com uma aprendizagem estimuladora e significativa.
Diante deste contexto, a educação infantil passa a ser o espaço onde a criança tem o acesso ao conhecimento e interação com o outro, ela irá descobrir-se e descobrir o outro.

REFERENCIAS
KUHLMANN, Junior Moyses. Trajetórias das Concepções de Educação Infantil. Disponível em:www.omep.org.br/artigos/palestras/05.pdf . Acesso em: 03 de fevereiro 2009.
LIMA, Sandra Vaz. A Educação Infantil em Telêmaco Borba: Uma história em Construção. Telêmaco Borba. 2008.
LOSSNITZ, Gislene. O Primeiro Jardim de Infância no Brasil: Emilia Ericksen. Ponta Grossa, 2006.