RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL


ANDREIA SILVA, ROSALINA DUTRA, SIMONE STELLE, SOLANGE AP. DE OLIVEIRA

Para ARIÉS (in Lössnitz, 2006, pág. 06), até o século XII haviam altos índices de mortalidade e de prática de infanticídio. Segundo ele, as crianças eram jogadas fora e substituídas por outras sem sentimento, mais saudável, mais forte e que correspondessem às expectativas dos pais e de uma sociedade que estava organizada em torno dessa perspectiva utilitária da infância.Dessa forma, percebe-se que a criança que nascia com deficiência física e mental, era um problema na família e não tinha importância alguma.

Assim, devido as deficiências, as crianças eram mortas e substituídas por outras sem sentimento algum.Mas isso não quer dizer que os pais é que desejavam a morte para seus filhos. Amavam seus filhos mas eram obrigados a cumprir as regras exigidas daquela época, estando inseridos num período cultural em que tais atitudes eram consideradas corretas, dentro de um patamar de normalidade.
De acordo com Áries (in Lössnitz, 2006, pág. 06) o sentimento de amor materno não existia, segundo o autor, como uma referência á afetividade. A família era social e não sentimental.Com isso, o autor coloca que não existia sentimento amoroso pela criança, mas por outro lado acredita-se que não tem como não sentir apego por alguém, ainda mais quando se trata de uma criança.O autor não relata como se amava naquela época, de que forma era o amor. Apesar da distância que havia entre as famílias, o amor entre pais e filhos era diferente, mas considera-se que existiu amor.
Neste contexto, os meninos, tanto rico como pobre, tinham mais valor na sociedade do que as meninas, pois seguiria o exemplo do pai, para representá-lo com os seus dotes para a sociedade e assim ser o orgulho da família.É possível inferir a existência da infância pobre percebida nas crianças do povo, filhos de camponeses e artesões, vivendo em espaços compartilhados com todos, participando das conversas com os adultos.Pode-se interpretar então, que as crianças viviam como adultos, envolvidas em tudo, mas isso não quer dizer que as crianças não recebiam educação, pelo contrário, tinham educação sim.Neste contexto, o pai e a mãe seriam os responsáveis por esta primeira educação, diferente do que ÁRIES (in Lössnitz, 2006, pág.12), destaca em sua pesquisa de que a família e principalmente que a mãe não possuía a sensibilidade ou apego pelos seus filhos.
Entretanto, pode-se observar que havia afeto e sentimento sim, pois os pais se preocupavam com a educação dos filhos.Neste contexto sócio-cultural as crianças não tinham liberdade de expressão, não eram valorizadas em sua faixa etária, e aos 7 anos já eram consideradas adultas, tendo que adequar o comportamento para participar em sociedade.Tal premissa sofreu alterações com as transformações na sociedade nos aspectos sociais, políticos e religiosos, onde com a ascensão da burguesia e a Revolução Industrial há uma forte modificação em toda sua estrutura familiar.
E assim, o conceito de infância também se modifica, visto que as famílias se descentralizam e cada um reconhece seu papel, além disso, para o comércio seria interessante lançar no mercado itens específicos para esta nova clientela que começa a ser valorizada em suas especificidades.Com as preocupações destinadas às crianças, as instituições de Educação Infantil entre 0 e 6 anos começam a se esboçar no final do século XVIII, onde a criança deveria perder o mal hábito, e adquirir hábitos de obediência, sinceridade, bondade, ordem, etc.. Conhecer as letras minúsculas, soletrar,pronunciar bem as palavras e sílabas difíceis conhecer as denominação francesa correta das coisas que lhe mostram, e adquirir as primeiras noções de moral e religião.
Com o aumento das instituições infantis, inicia-se assim as concepções de educação infantil; primeiramente de cunho assistencialista com características de guarda das crianças, do cuidado a si mesmo, da assistência às camada empobrecidas, da separação entre cuidado e educação, falta de conhecimento e desenvolvimento, e a aprendizagem da criança.Entretanto somente o cuidado com a higiene e a saúde não eram suficientes, e assim começam a enfatizar a evolução natural da criança, valorizando o interesse da mesma, sendo estimuladas por atividades que envolvam o jogo e o brinquedo. A brincadeira da alegria , liberdade, contentamento, descanso interno e externo,paz com o mundo é fonte de tudo que é bom.Kramer (2000, pág. 26), ressalta que, Froebel (1782-1852), defendia a ideia da evolução natural da criança e enfatiza a importância do simbolismo infantil.Houve ainda, um período onde busca-se reparar um dano, solucionando consideradas culturalmente inferiores.
Propõe que as creches se preocupem com a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças por meio de atividades lúdicasSegundo Kramer (2000, p.20) as crianças precisam expandir seus movimentos, explorando seu corpo e o espaço físico, de forma a terem um crescimento sadio.Além do desenvolvimento da mente, a criança necessita exercitar o corpo, pois através desse exercício conjunto, corpo e mente, ela será estimulada a aprender de uma forma divertida.Conforme os escolanovistas, em sua concepção de desenvolvimento natural, faz-se necessário valorizar o interesse da criança que precisa ser estimulada por atividades que envolvam o jogo e o brinquedo, onde a criança deve aprender fazendo, por meio da experiência.
De acordo com Kramer (2000, pág. 24), a tendência romântica, que concebe a pré-escola como um jardim de infância, onde a criança é “sementinha” ou “plantinha” que brota e a professora a “jardineira”. Sendo assim, a tendência romântica deve favorecer o desenvolvimento natural e valorizar os interesses e necessidades da criança.O jardim-de-infância, criado por Froebel em 1840, chegou a ser considerado o detentor exclusivo de uma concepção pedagógica, assim destaca Kuhlmann Junior( 2000, p.2) [...} Como nas escolas maternais e no jardim-de-infância, valorizam-se os brinquedos e as brincadeiras, [...] toma-se mais consciência do papel do jogo e do brinquedo na formação da personalidade da criança, no seu desenvolvimento.Froebel influencia a Educação Infantil no Brasil, por meio dos trabalhos realizados por Emilia Ericksen, onde a mesma viveu na Dinamarca por alguns anos e lá nasceram suas filhas.Após o nascimento da primeira filha se interessa pelo magistério, e passa a acompanhar o trabalho do pedagogo alemão Froebel, a qual desenvolvia estudos inovadores, em relação a educação da criança pequena . (Lössnits, in Lima, 2008,p).
Em 1844 a família de Emília passa por uma grande tragédia, o qual o navio de seu esposo afundou, e perdeu toda sua fortuna. Assim, retorna ao Brasil, com sua família, residindo na cidade de Castro, onde passa a por em prática tudo que aprendeu com Froebel. Emília começou a cuidar de algumas crianças para suas mães poder ir ao trabalho, e foi muito a procura querendo contratá-la, pois ensinava de forma revolucionária para a época, incluindo a literatura, arte e música.Após este período muito pouco foi feito pela Educação Infantil, e somente depois de um século é que há uma preocupação com esta área, surgindo as creches para atender as necessidades referente a mortalidade infantil, a higiene, desnutrição, ou seja, trabalhando ainda a questão de assistencialismo.
Sendo assim havia duas concepções, os jardins de infância e pré-escola, uma destinada a classe dominante que já trabalha questões de educação mais avançadas, principalmente porque seguiam os princípios adotados por Froebel, que enfatizava a utilização de jogos (dons), brincadeiras, músicas, arte.Conforme Lossnitz(2006 p.11) [...] a criança rica, evidenciada principalmente na particularização da educação de meninos, enclausurados num espaço íntimo com sua família, ocupados com aprendizagens para a vida social, com regras de etiqueta e de moralidade que deveriam saber e seguir, bem como aprendizagem de música , dança, leitura e a utilização de roupas adequadas às características da criança.E outra para a classe popular se preocupando em compensar as deficiências das crianças, como miséria, pobreza, negligência familiar e cultural, promovendo a preparação da criança em relação a alfabetização para entrar no Ensino Fundamental tendo base sobre tais aspectos.Somente a partir da década de 70 é que a importância da educação da criança pequena é reconhecida e as políticas governamentais começam a, incipientemente, ampliar o atendimento, em especial das crianças de 4 a 6 anos.
Dessa forma, como destaca Kramer (2000,p.18) [...}a educação passou a ser encarada como dever do Estado e direito de todos os cidadãos[...}.Assim, percebe-se que a valorização da educação infantil, ocorreu de forma lenta, sem a atenção merecida, onde somente após a Declaração universal, esta discussão se torna mais intensa, segundo Kramer (2008 p. 01) [...] no final da década de 70 e início da década de 80, a creche passa a ser vista como instituição social e politicamente necessária, capaz de resolver os problemas sociais e educacionais, onde a criança é percebida como sujeito real, situada historicamente numa determinada sociedade e cultura, sendo transformado pelo contexto histórico em que vive e pode também transformar.O plano lançava o modelo das instituições de educação infantil de baixo custo, que irão se difundir a partir da década de 1970.
Quando ,na revista Escola Municipal, em 1985, se faz a critica deste modelo,as propostas de uma educação que atendesse os interesses das classes populares acabavam por criticar os objetivos de recreação, fundamentais para a saúde de uma pré-escola. Não era uma rejeição total, mencionava-se a importância da criança brincar, mas isso imediatamente era secundarizado, em uma hierarquia subordinada ao pedagógico.Como resultado de tais discussões surge a Constituição de 1988, sendo um marco para a educação de crianças. No entanto, essa educação não está assegurada pela legislação, então, como afirma Kramer (2000 p.18), apenas 10% das 25 milhões de crianças brasileiras de 0 a 6 anos (das quais cerca de 16% são crianças de 4 a 6 anos) recebem algum tipo de atendimento,[...].De acordo com Kramer (2000p. 18) A nova Carta Constitucional reconhece o dever do Estado de oferecer creches e pré-escolas para todas as crianças de 0 a 6 anos.A partir disso, começa-se a enfatizar aspectos do desenvolvimento infantil e com isso trabalha-se linguísticas e cognitivas, numa concepção global do desenvolvimento com o objetivo trabalhar habilidades, conhecimentos e atitudes.A partir da LDB 9394/96 muda-se a concepção de Educação Infantil que passa ter uma função pedagógica buscando desenvolver duas dimensões a de cuidar e educar, que é essencial e importante nas propostas pedagógicas para essa faixa etária, devendo a mesma ser orientada por pressupostos teóricos, que recebe contribuição da história, sociologia, antropologia e psicologia, por serem áreas do conhecimento capazes de fornecer uma fundamentação teórica sólida.
Diante desse contexto, observa-se as Diretrizes da LEI Nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que aprova o Plano Nacional de Educação, onde Objetivos e metas foram estabelecidos.1.Ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender, em cinco anos, a 30% da população de até 3 anos de idade e 60% da população de 4 e 6 anos (ou 4 e 5 anos) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos.2.
Elaborar, no prazo de um ano,padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições de educação infantil (creches e pré-escolas) públicas e privadas, que, respeitando as diversidades regionais, assegurem o atendimento, das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo quanto a:a)espaço interno, com iluminação, insolação,ventilação,visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário;b)instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças;c)instalações para preparo e/ou serviço de alimentação;d)ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e metodologia da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo;e)mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos;f)adequação às características das crianças especiais.**No entanto, a fim de que isso saia do papel e se transforme em realidade, fazendo com que a educação pré-escolar se torne verdadeiramente pública, é necessário que haja legislação e recursos, que além da LDBEN, seja estabelecido também pelas Constituições Estaduais, afirma Kramer (2000 p.18).
Atualmente a educação é de 9 anos e as crianças de 0 a 6 anos são atendidas por profissionais com qualificação específica, com uma educação propícia para cada estágio da criança. Dessa forma, a criança desenvolve assimilando o que é próprio na sua idade, assim Kramer (2000 p.29) afirma que, em Piaget (1896—1980) os esquemas de assimilação vão se modificando, progressivamente, configurando os estágios de desenvolvimento. Os estágios evoluem, como uma espiral, de maneira que cada estágio engloba o anterior e o amplia.
Kramer (2000 p.19) ressalta que a escola não tem o poder de mudar a sociedade, mas, simultaneamente, ela não tem o mero papel de conservar mecanicamente essa sociedade. A escola de 1º grau e também a escola para crianças até 6anos tem a função de contribuir, junto com as demais instâncias da vida social, para as transformações necessárias no sentido de tornar a sociedade brasileira mais democrática.Diante desse contexto, podemos afirmar que a escola não é a única responsável em formar cidadãos críticos para a sociedade. Celestin Freinet (1896-1966) (in Kramer,2000, p.33) [...] entende que a relação direta do homem com o mundo físico e social é feita pelo trabalho – sua atividade coletiva - e que “liberdade” não é cada um fazer o que quer, mas sim o que decidimos em conjunto.Como destaca Kramer (2000, pág. 24), a tendência crítica, que vê a pré-escola como lugar de trabalho coletivo, reconhece no professor e nas crianças sua condição de cidadãos, e contribui à educação o papel de contribuir para a transformação social.Assim, o objetivo da tendência crítica não é formar crianças que sejam inteligentes e saibam resolver problemas, mas sim desenvolver alunos críticos para atuar na sociedade.
De acordo com Kramer (2000 p.19) deve-se reconhecer as crianças como seres sociais que são implica em não ignorar as diferenças. Os conflitos – que podem emergir – não devem ser encobertos, mas, por outro lado, não podem ser reforçados: precisam ser explicitados e trabalhados com as crianças a fim de que sua inserção social no grupo seja construtiva, e para que cada uma seja valorizada e possa desenvolver sua autonomia, identidade e espírito de cooperação e solidariedade com as demais.Como qualquer pessoa, a criança é um ser único, com personalidade própria e características próprias (jeito de falar, pensar e agir são diferente das demais crianças). Diante desse contexto o trabalho pedagógico precisa valorizar suas qualidades e ajudá-la a superar suas dificuldades e limitações.Mais importante do que adotar uma metodologia pré-elaborada é construir, na prática pedagógica, aquela metodologia apropriada as necessidades e condições existentes e aos objetivos formulados:- tomar a realidade das crianças como ponto de partida para o trabalho, reconhecendo sua diversidade;- observar as ações infantis e as interações entre as crianças, valorizando essas atividades;- propor atividades com sentido, reais e desafiadoras para as crianças, que sejam, pois, simultaneamente significativas e prazerosas, incentivando sempre a descoberta, a criatividade e a criticidade;- favorecer a ampliação do processo de construção dos conhecimentos, valorizando o acesso aos conhecimentos do mundo físico e social. (KRAMER, 2000, p. 37)
Segundo Kramer(2000, p.20) os estudos provenientes da psicologia tem dado contribuições bastante relevantes que nos permitem conhecer o desenvolvimento infantil nas diferentes áreas(sensório-motora) sócio-afetiva, simbólica e cognitiva) e nos permitem, também compreender de que forma as crianças constroem o seu conhecimento. Alguns pontos de Vista:1)Sócio-afetiva: enfatizamos a importância de que a criança tenha uma auto-imagem positiva, percebendo-se, cada qual, na sua identidade própria e sendo valorizada nas suas possibilidades de ação e crescimento à medida que desenvolve seu processo de socialização e interage com o grupo. Além disso, é necessário trabalhar junto às crianças para que aceitem e convivam construtivamente com as diferenças existentes no grupo, seja em relação à etnia, classe social ou sexo. (KRAMER, 2000, p. 20)
Diante desse contexto é fundamental ressaltar que sem amor não se vive. Todo ser humano necessita de amor , mas para tal coisa acontecer, é necessário que estejamos bem conosco mesmo, para podermos nos relacionar harmoniosamente com os outros. Com a criança não é diferente. Para que ela tenha auto-estima ela necessita de estímulo. Tem que ser elogiada, incentivada em tudo o que faz. Conforme Kramer (2000, p. 38) deve-se confiar nas possibilidades que todas as crianças têm de se desenvolver e aprender, promovendo a construção de sua auto-imagem positiva; e enfatizar a participação e a ajuda mútua, possibilitando a construção da autonomia e cooperação,2)Cognitivo: destacamos a necessidade de levar sempre em consideração o fato de que a criança conhece e constrói as noções e os conceitos à medida que age, observa e relaciona os objetos do mundo físico. É no decorrer das atividades que realizam que as crianças incorporam dados e relações, e é enfrentando desafios e trocando informações umas com as outras e com os adultos que elas desenvolvem seu pensamento.(KRAMER, 2000, p. 20)
Com isso, o professor é um mediador entre a criança e o conhecimento, sendo necessário deixar a criança desenvolver livremente, interferindo claro, quando necessário, pois toda criança necessita de orientação.Para Kramer (2000, pág. 24), a tendência cognitiva, de base psicogenética, que enfatiza a construção do pensamento infantil no desenvolvimento da inteligência e na autonomia.A tendência cognitiva é o desenvolvimento de dentro para fora, ter capacidade cognitiva para depois aprender as atividades, tem que desenvolver o raciocínio, a criança tem que se desenvolver mentalmente, busca-se a aprendizagem.Assim, Kramer (2000, p. 31), também afirma que o professor é desafiador da criança: ele cria “dificuldades” e “problemas”. [...} a pré-escola deixa de ser vista como passatempo, e passa a ser espaço criativo, que permite a diversificação e ampliação das experiências infantis,valorizando a iniciativa, curiosidade e inventividade da criança e promovendo a sua autonomia.
Conforme Kramer (2000, p.30) a criança se desenvolve no contato e interação com outras crianças: a pré-escola deve sempre promover a realização de atividades em grupo. Essa é uma prática pedagógica fundamentada na teoria de Piaget.3) Linguístico:coloca-se como essencial o desenvolvimento das diferentes formas de representação verbal. Reconhecemos aqui a linguagem como a forma básica, não apenas no que diz respeito à expressão individual, mas ainda como sendo fundamental no processo de socialização. (KRAMER, 2000, p. 20)
No passado, a criança era tida como incapaz de falar; e na educacional tradicional, ela também não podia se manifestar, transmitir seus desejos e sentimentos.A concepção de infância está relacionada com o significado etimológico da palavra: em latim, a partícula negativa in, significa não, fantis, significa falar. [...} a primeira idade é a infância que planta os dentes, e essa idade começa quando nasce e dura até os sete anos, e nessa idade aquilo que nasce é chamado de enfant (criança), que quer dizer não falante. (LOSSNITZ, 2006, p.4 e 5)Nessa perspectiva, a infância seria caracterizada pela ausência da fala, se contrapondo a vida adulta, pois os comportamentos providos de razão, seriam encontrados apenas no indivíduo adulto, tal capacidade não seria possível às crianças.Atualmente, com o novo projeto pedagógico, a criança é incentivada a falar, raciocinar e expor suas ideias. Todos esses aspectos estão presentes simultaneamente na educação infantil, que é Global e indivisível. Kramer (2000, p.1) destaca que a proposta recebe influência de outras áreas como a sociologia, antropologia e psicologia.
De acordo com Kramer (2000, p. 22) [...} os estudos antropológicos exigem que levemos em conta o contexto de vida mais imediatos das crianças e as próprias características específicas dos professores e da escola como instituição.Isso significa reconhecer que as crianças são diferentes e têm especificidades, não só por pertencerem a classes diversas ou por estarem em momentos diversos em termos do desenvolvimento psicológico. Também os hábitos , costumes e valores presentes na sua família e na localidade mais próxima interferem na sua percepção do mundo e na sua inserção. E ainda, também, os hábitos, valores e costumes dos profissionais que com elas convivem no contexto escolar (professores, serventes, supervisores etc.) precisam ser considerados e discutidos.Dessa forma, pode-se afirmar que tudo que envolve a criança, seja em casa, no bairro em que vive ou no contexto escolar, vai influenciar na educação e desenvolvimento da criança.
A criança é reconhecida como ser social, que já vem com uma bagagem, uma história, mas que a cada dia recebe novos conhecimentos, por isso é muito importante o que se fala para uma criança, o nosso comportamento, seja em qualquer lugar, vai ajudar essa criança a se tornar um adulto bem sucedido ou não.Isso está sendo colocado em prática conforme a atual concepção pedagógica: cuidar e educar, onde a educação infantil valoriza o sujeito e o seu processo de formação humana. O processo educativo da criança é marcado pela internalização de valores, crenças, normas e representações sociais dominantes que contribuem com o processo de formação, corporal, cultural, psicológica e social, estando embasado na Concepção Pedagógica que fundamenta a ideia de Educação Infantil desenvolvimentista, com objetivos focados na criança em si, independente de sua história e das condições sociais.

REFERÊNCIAS
KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2000.
KUHLMANN, Junior Moyses. Trajetórias das Concepções de Educação Infantil. Disponível em:www.omep.org.br/artigos/palestras/05.pdf . Acesso em: 03 de fevereiro 2009.
LIMA, Sandra Vaz. A Educação Infantil em Telêmaco Borba: Uma história em Construção. Telêmaco Borba. 2008.
LOSSNITZ, Gislene. O Primeiro Jardim de Infância no Brasil: Emilia Ericksen. Ponta Grossa, 2006.